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Abaixo, você confere com exclusividade o primeiro capítulo do livro (lembrando que não é a versão final do arquivo).
PRÓLOGO
Melissa
Este bar parece tão bom para fazer uma pausa como qualquer outro. Estou dirigindo há horas sem destino. Não tenho para onde ir, nenhum lugar para estar e ninguém que me procure. Essa é a minha realidade.
Sempre tentei ser positiva com a vida que tenho. Sempre tive três refeições quentes por dia e um lugar seguro para descansar a cabeça à noite. Eu sou uma das pessoas sortudas que vivem sem precisar se preocupar. Jeff e Maggie foram ótimos pais temporários e ainda melhores pais adotivos. Eles cuidaram para que eu tivesse tudo de que precisava e, por minha vez, fiz o que esperavam de mim. Fazia minhas tarefas, meus deveres de casa e nunca infringia as regras.
Rebelde, eu sei.
Meu peito literalmente dói só de pensar em Jeff e Maggie. Eu agradeci a eles o suficiente, mostrei como eu era grata por eles terem me levado para sua casa? Meus olhos começam a arder pelas lágrimas.
Perdi a única família que tive.
Eu estava extremamente feliz, uma semana depois de me formar na faculdade, voltando para casa para ajudar Jeff e Maggie em seu escritório de advocacia. Eu escolhi ser assistente jurídica por causa deles. Eu queria me envolver nos negócios da família.
Já se passou um mês desde que recebi o telefonema. Trinta dias desde que meu mundo desabou.
— Invasão de domicílio.
— Duas mortes.
— Você precisa vir para casa.
Esses são os detalhes que me lembro da ligação. A noite em que perdi a família que me escolheu. A família de Jeff e Maggie não era tão receptiva como eles foram. Eles achavam que era uma idiotice poder conceber seus próprios filhos, mas decidir me adotar. Eu era a única. Eles disseram que não queriam ter de compartilhar seu amor. Nem preciso dizer que agora que eles se foram, sou só eu. Estou sozinha no mundo mais uma vez, sem família e sem amigos próximos. Tenho conhecidos, mas passo todo o meu tempo livre na biblioteca. Não fui a festas ou jogos de futebol. Eu estudei. Eu queria fazer isso tudo por eles para mostrar o quanto eu valorizo tudo o que eles me deram. Tudo o que fiz na vida foi por eles.
Agora eles se foram.
Para onde eu vou agora?
O letreiro néon à frente pisca na vitrine anunciando diferentes tipos de cerveja. Não me importa que tipo seja, só preciso de algo para ajudar a aliviar a dor. Do outro lado da rua, há um hotel. Boa. Eu pretendo beber até me esquecer.
Atravesso a rua rapidamente e reservo um quarto. Na verdade, é perfeito que eu não precise dirigir. Pego meu cartão de débito e o entrego à jovem recepcionista. Eu tenho dinheiro, muito dinheiro. Jeff e Maggie me deixaram tudo, apenas algo mais para adicionar à lista das coisas de que suas famílias não aprovavam. Eu estava prestes a devolver tudo, dizer a eles que podiam enfiar a grana onde quisessem. Aquele dinheiro não trará de volta os únicos pais que tive. Não trará de volta minha família. Só quando o advogado me entregou uma carta deles, dos meus pais, mudei de ideia. A carta dizia que eu trouxe alegria para suas vidas, que fui sua maior realização. Eu memorizei o conteúdo dela.
“Fique com ele, Melissa. Queremos ter a certeza de que você sempre será bem-cuidada. Viva sua vida e siga seus sonhos. Viva para você, doce menina. Para mais ninguém.”
Eles sempre me diziam isso.
“Escolha uma carreira que você ame, Melissa. Não por nós, mas por você.”
Eu vivia para eles e, por causa deles, minha vida não era o inferno que poderia ter sido. Como faço para aprender a viver sem eles? Aprender a viver para mim?
— Assine aqui. — A recepcionista me entrega uma caneta.
Rabisco meu nome no recibo, pego minha chave e volto a sair. Não quero mais sentir essa dor. Eu só quero que essa dor no meu peito vá embora. O sinal de néon piscando me chama. Talvez eu possa beber e esquecer.
Abrindo a porta, o cheiro de fumaça e álcool invade meus sentidos. O lugar — Danny’s, de acordo com a placa — está lotado para uma noite de quinta-feira. Vou até o bar e vejo um banquinho vazio no final. Perfeito, sou só eu. Tudo bem, por mim, ficar escondida, contanto que o barman continue servindo bebidas.
Eu mal tinha acabado de me acomodar quando uma mulher de quase cinquenta anos ou mais veio perguntar qual era meu pedido. Não sou muito de beber, mas Maggie costumava beber vodca e suco de cranberry, então peço isso.
— Já está saindo. — Ela sorri, fazendo com que as linhas de expressão ao redor dos olhos fiquem mais proeminentes. — Aqui está, querida. Você quer uma comanda? —pergunta, limpando o bar.
— Sim, pode mandar mais. — Viro o copo que a mulher acabou de colocar na minha frente, bebendo tudo.
Ela me observa.
— Você vai dirigir?
— Não. Estou num quarto do hotel do outro lado da rua.
Ela balança a cabeça, aceitando minha resposta, e então começa a preparar outra bebida.
Eu bebo a segunda devagar. Não tenho para onde ir.
Perdi a noção de há quanto tempo estou sentada aqui, perdida em pensamentos, esperando que o álcool diminua a dor. Não sei mais quantas bebidas tomei, depois de perder as contas disso também, mas minha mente está finalmente começando a se desligar.
— Posso pedir outra rodada para a nossa mesa? — uma voz grave surge ao meu lado.
Olho para cima e o vejo. Alto, cabelo escuro, tatuagens. Não é alguém por quem uma boa garota deveria se sentir atraída, mas eu me sinto. Ele está vestindo uma camisa justa que mostra seu abdômen marcado. Meu Deus, ele é sexy. Voltando o olhar para minha bebida, tento afastar os pensamentos.
Quando ele pega a carteira, seu cotovelo bate no meu.
— Nada como estar ao lado de uma mulher bonita. — Ele pisca.
Eu sorrio timidamente.
— Sorte a minha — eu digo, olhando para a frente e voltando a me concentrar na minha bebida. Eu não posso acreditar que esse cara está realmente flertando comigo. Tenho certeza de que ele está apenas sendo simpático. Fico igualmente surpresa por ter retribuído o flerte. Isso não é algo que eu costumo fazer.
— O que uma coisinha linda como você está fazendo aqui sozinha? — ele questiona.
— Só de passagem — eu respondo. Novamente, olho para a frente. Tenho medo de, se não desviar o olhar, começar a babar por esse cara. Estou fora do meu normal aqui.
— Imaginei que fosse isso. Eu teria me lembrado de você. — Ele pisca novamente. — Estive muito aqui nos últimos meses.
— Ah, é? — Puta merda. Eu luto contra a vontade de limpar as mãos suadas na minha calça jeans.
— Sem dúvida. — Ele desce esses olhos castanhos lentamente pelo meu corpo. — Olha, por que você não se junta a mim e aos meus amigos? Não faz sentido beber sozinha.
A Melissa sóbria recusaria tal convite. A Melissa embriagada não quer ficar sozinha. Esse cara parece estar interessado em mim; que mal pode ter me sentar com eles? Servirá como outra distração, vai me ajudar a esquecer.
— Certo. — Pego minha bebida e minha bolsa, saindo do banquinho. Eu tropeço, e o estranho sensual me segura. — Obrigada... — Nem sei o nome desse cara.
— Ridge. — Ele segura meus braços para me firmar. — Você está bem...?
— Melissa. — Eu me afasto. — Eu passei um tempo sentada ali, desculpa. — Enrubesço de vergonha. Não estou tão bêbada, então só pode ter sido Ridge. Não sei se já conversei com alguém que se parecia com ele antes. Na faculdade, eu ficava sozinha, e os caras nem se importavam. Por que ir atrás de alguém por quem você tem de batalhar se há outras ali tão dispostas a se entregar de graça?
Eu saí com dois caras. O primeiro era um meio para um fim. Um negócio do tipo “vamos acabar com isso de uma vez.” O cara número dois era amigo da minha colega de quarto. Foi a primeira e única vez em que fiquei completamente bêbada. Eu nem me lembro do que rolou, sério. Patético, eu sei, mas essa é a minha vida. Não deixo de notar a ironia de que hoje quero ficar bêbada assim de novo, se não mais. Quero esquecer a dor, a perda, a sensação de estar sozinha. Por sorte, meu novo amigo Ridge parece estar disposto a me ajudar.
— Gente, esta é a Melissa. Eu a encontrei bebendo sozinha, então a convidei para se juntar a nós — diz quando chegamos à mesa.
Quatro caras, todos tão gostosos quanto meu novo amigo Ridge, me observam. Sinto o rosto esquentar sob seus olhares. Receber atenção não é algo a que estou acostumada. Todos eles me cumprimentam de alguma forma, e eu estupidamente aceno em resposta.
— Você pode se sentar ao meu lado — Ridge diz próximo ao meu ouvido.
O calor de sua respiração contra minha pele provoca arrepios na minha espinha. Sem jeito, tomo o assento que ele puxa para mim, juntando minhas mãos sobre a mesa.
— Tudo bem, então temos aqui Seth, Tyler, Mark e Kent. — Ridge aponta para cada cara enquanto diz seu nome.
— É um prazer conhecer vocês — digo educadamente, mal olhando para cada um, ainda envergonhada com ser o centro das atenções.
— Então, mocinha, você mora por aqui? — o que está à minha direita pergunta. Kent, eu acho.
— Não, só estou de passagem. E vocês? Moram aqui?
Tomo um gole da bebida nova que acabou de ser colocada na mesa, na minha frente.
— Não — Ridge responde, apoiando o braço no encosto da minha cadeira. — Estamos na cidade a trabalho.
Observo as camisetas da Beckett Construction que todos parecem estar usando.
— Construção — eu digo, como uma idiota. Esses homens são sensuais e intimidantes.
— Sim. — Ridge bebe sua cerveja toda, e eu me distraio observando sua garganta enquanto ele engole. Como eu disse, ele é sensual.
— Crescemos juntos — diz um dos rapazes.
Não consigo me lembrar qual era o nome de quem está sentado ao lado de Ridge. Mark, talvez?
— Então estão só curtindo depois de uma longa semana de trabalho? — Fico tentando imaginar como seria ter amizades de infância. Sinto uma pontada de inveja e tristeza no peito, então viro o copo e bebo tudo, querendo esquecer.
Os cinco riem.
— Mais ou menos isso — responde aquele com cabelo mais comprido.
E é assim que a noite passa. Os caras são engraçados, charmosos e ficam me paquerando. Algumas outras mulheres se juntam a nós, mas Ridge continua perto, pedindo bebidas para mim. Eu até compro uma ou duas rodadas e relaxo com seus toques. Toques simples, como a mão no meu ombro, sua mão no meu braço e, claro, um sussurro em meu ouvido. Parei de tentar esconder o arrepio que isso me causa cerca de, talvez, três bebidas atrás.
Sinto atração por ele, e ele sabe disso.
Um por um, os caras formam pares, deixando apenas Ridge e eu na mesa.
— Onde você vai dormir hoje? — Sua mão repousa na minha coxa.
— Eu... reservei um quarto no hotel do outro lado da rua.
— Hum, é onde nós também estamos hospedados. — Inclinando-se para perto, sua respiração se mistura com a minha quando o barman anuncia a última rodada. — Vou te acompanhar até o hotel.
Ridge se levanta e me oferece sua mão, e eu a pego sem hesitação. Há algo em seus olhos, na maneira como esteve ao meu lado a noite toda. Eu confio nele. Não sei como tomar a iniciativa, mas quero ele comigo, no meu quarto, esta noite. Não estou pronta para deixar de lado a maneira como ele faz com que eu me sinta.
Ridge mantém seu braço ao redor da minha cintura enquanto nos dirigimos para o bar. Eu pago minha conta, depois de muitos protestos dele.
Sinto o ar frio da noite gostoso contra minha pele aquecida. Ele me puxa contra seu peito, e novamente eu vou de boa vontade.
— Qual é seu quarto? — ele pergunta.
— O 119 — digo, tão baixinho, que fico surpresa por ele ouvir. Seu toque faz meu corpo desejá-lo. Chegamos à minha porta, e tiro a chave do bolso traseiro. — Você gostaria de entrar? — Estou olhando para os meus pés, de costas para ele. Seguro a maçaneta da porta, me preparando para sua rejeição.
Aproximando-se, ele alinha o corpo com o meu. Uma mão descansa em meu quadril enquanto a outra afasta meu cabelo para um ombro.
— Não sei se é uma boa ideia. — Ele beija meu pescoço.
— Oh — eu digo, desanimada.
— Eu não vou conseguir não tocar em você — ele continua, pressionando sua ereção em meu traseiro.
Minha nossa. A excitação toma conta de mim. Está acontecendo. Eu saí da zona de conforto horas atrás, e é assustador, mas meu instinto me diz que Ridge é um cara bacana. Que, para uma transa de uma noite, eu não poderia ter escolhido ninguém melhor. Bem, exceto talvez seus quatro amigos. Todos eles parecem caras ótimos.
— E se eu quiser que você me toque?
Seus lábios percorrem meu pescoço.
— Abra a porta, Melissa.
Atrapalhando-me com a chave, faço o que ele diz. De repente, o zumbido do álcool se foi, e em seu lugar apareceu pura luxúria. Eu quero. Eu quero uma noite com ele. Uma noite para me sentir desejada por esse deus grego.
Dentro do quarto, Ridge arranca sua camisa e a joga na cadeira. Eu o observo — seu abdômen firme e marcado, as tatuagens que quero percorrer com a língua.
— Se ficar me olhando desse jeito, isso vai acabar antes mesmo de começar — ele me avisa.
Olho para o chão, com vergonha de ter sido pega olhando.
— Ei. — Ele se aproxima, levantando meu queixo com o dedo indicador para encará-lo. — Você não fez nada errado. Só quis dizer que o jeito com que você estava me olhando me deixou prestes a perder a cabeça. — Ridge observa minha expressão em seguida. — Você já fez isso antes, Melissa?
Merda. Não é bem uma conversa boa para uma transa de uma noite.
— Duas vezes — eu deixo escapar. Ridge fecha os olhos e respira fundo.
— Você quer continuar?
— Mais do que eu poderia explicar.
Suas mãos pousam na minha cintura e me puxam para perto.
— Eu vou cuidar de você. — Seus lábios cobrem suavemente os meus.
E cuida mesmo. Ele me mostra uma intensidade como eu nunca conheci. Em pouco tempo, me deixa maluca, e eu grito seu nome.
Depois, ele não vai embora como eu esperava. Em vez disso, se enrola ao meu lado e cai no sono. Fico deitada por horas, até que a realidade do que acabei de fazer me atinge. Eu tive uma transa casual sem arrependimentos. Eu queria fazer isso. Eu o queria. No entanto, não quero o constrangimento do dia seguinte. A tal da manhã seguinte esquisita sobre a qual li tantas vezes. Eu não quero isso. Eu não quero dar a ele a chance de arruinar essa minha animação. Não vou dar a ele a chance de me rejeitar.
Silenciosamente, eu deslizo para fora da cama, pego minhas coisas e saio pela porta. Não levei roupas, só reservei o quarto e fui direto para o bar.
Ridge me deu uma noite para guardar na memória e uma noite para esquecer. Serei eternamente grata a ele.
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